Imagine que convidaram você para assistir a uma peça de teatro. Antes de entrar no auditório, você recebe uma vela, assim como cada convidado da peça. Então você se acomoda na poltrona, aguardando o início do espetáculo, e de repente as portas são fechadas e as luzes, apagadas. Tudo se torna um breu absoluto. O espetáculo, porém, não começa, e todos ficam alvoroçados durante cinco, dez, vinte minutos; pessoas estão tentando abrir a porta trancada, ninguém encontra o interruptor, está muito escuro, alguém fala alto, outro grita e, em meio a empurrões, você percebe que em seu bolso há uma caixa de fósforos com apenas um palito. Você, então, acende a vela que estava em seu bolso, aquela que foi entregue no início do espetáculo, e agora existe uma vela acesa. O que fazer com ela? Seria a melhor opção escondê-la para que ninguém a roube?
Claro que não, pois uma vela não foi criada para ser escondida, assim como a luz não foi feita para ser guardada. Nesse momento, lhe vem a ideia de acender a vela da pessoa que está ao seu lado, e agora há duas velas acesas. Assim como você, cada um começa a acender a vela do próximo, até que o auditório inteiro se ilumina e os atores aparecem no palco. Eles estavam esperando apenas que a luz viesse da plateia. Tudo não passou de um exercício de cooperação promovido por eles, com o objetivo de fazer as pessoas compartilharem aquilo que têm.
A nossa vela não funciona direito quando está sozinha, apenas quando é compartilhada, e o que é mais interessante: quando compartilhamos sua luz, ela não diminui, pelo contrário, a luz ilumina tudo ao nosso redor, aumentando assim a nossa capacidade de enxergar.
A breve história que acabo de contar ilustra o objetivo deste livro: ser uma vela acesa que possui a difícil tarefa de acender outras velas. O mundo está mergulhado em um grande breu por um motivo simples: apenas um lado da história está sendo contado, e quando isso acontece, fica difícil expandir o horizonte da inteligência e entender a cultura e história nas quais se está inserido. É preciso fazer alguma coisa.
Este livro é a minha contribuição. Espero conseguir acender o máximo de velas possível, e que estas possam acender outras. Assim, juntos, poderemos tirar o mundo das trevas, aumentando a luz ao nosso redor. A única coisa que peço a Deus é estar à altura de tal obra e ter sido bom o suficiente ao final do espetáculo.